Curso de Hortas Agroflorestais - Simbiose Agroflorestal
No fim de semana dos dias 14 -15
de junho rolou o curso de Hortas Agroflorestais promovido pela Simbiose
Agroflorestal e ministrado pelos professores Namastê e Jéssica. O curso foi
realizado no Sítio Pinheiro, espaço que integra produção agropecuária e turismo
pedagógico voltado para a educação e conscientização ambiental, localizado em
Brázlândia - DF. Fomos para o curso em um grupo de hortelões de Brasília, apoiados
pelo GT de Agricultura Urbana do Movimento Nossa Brasília. As vagas do curso se
esgotaram rapidamente, o que mostrou o interesse crescente que esse conjunto de
conhecimentos vem gerando na região.
O conteúdo do curso foi baseado
nos conhecimentos em torno dos Sistemas Agroflorestais Sucessionais,
desenvolvidos por Ernst Gotsch e aperfeiçoados em diversas experiências
produtivas que vem sendo realizadas nos últimos anos, como a do
Cooperafloresta, da Fazenda Toca e de ações entre os índigenas no Xingú. Aulas
teóricas e práticas tiveram por objetivo capacitar os aprendizes para a
produção de hortaliças em Sistemas Agroflorestais.
Estavam presentes pessoas de
diferentes origens, como produtores rurais assentados e cooperativistas,
indígenas, pesquisadores, agrônomos, hortelões urbanos e entusiastas em geral,
somando cerca de 35 aprendizes.
Observar e
aprender com a natureza, percebendo a forma como os ecossistemas se desenvolvem
de forma integrada e replicar os princípios aprendidos de modo a obter plantas
fortes e saudáveis, produzindo solos férteis e água ao longo do processo, e sem
a utilização de insumos químicos ou pesticidas – esses são alguns dos
fundamentos da tecnologia dos Sistemas Agroflorestais Sucessionais.
As aulas
teóricas foram ricas e detalhadas, nelas aprendemos sobre a importância da
cobertura do solo, a formação dos estratos florestais e a sucessão no
crescimento dos sistemas. Aqui, ao contrário da monocultura, plantam-se
diversas plantas em consórcio, trabalhando com a sua interação para fazer a
horta crescer como uma floresta que se recupera em uma clareira desmatada. Cada
canteiro é um organismo vivo, um “organismo canteiro” composto de 4, 5 espécies
diferentes. Entre os canteiros de hortaliças crescem árvores e bananeiras,
puxando o crescimento de todo o sistema e produzindo matéria orgânica.
Desse ponto
de vista, as doenças que assolam as plantações da agricultura convencional,
sendo chamadas de pragas e combatidas com o uso de agrotóxicos, nada mais são
do que indicadores da fraqueza e estresse pelos quais passam as plantas que ali
estão. Uma planta que sobrevive à base de fertilizantes químicos e pesticidas é
comparada a uma pessoa na U.T.I., tão fraca que necessita do uso constante
de aparelhos e remédios. Na natureza, as
plantas coexistem em sistemas complexos que dificilmente são assolados por uma
superpopulação de insetos herbívoros ou fungos. A diversidade constrói
resiliência, e ecossistemas fortes tendem ao equilíbrio.
Os sistemas
agroflorestais reduzem a demanda por água e insumos externos. Um sistema bem
manejado produz solo, garantido fertilidade cíclica e reduzindo a dependência
econômica do produtor agrícola. Os alimentos produzidos são orgânicos, sem os
riscos à saúde e de contaminação ambiental presentes na agricultura
convencional que utiliza agrotóxicos. Além disso, produzindo alimentos
diversos, reduz-se o risco de quebra por flutuações nos preços de mercado, e
amplia-se a margem de experimentação que faz com que a agroflorestal tenha a
cara do dono. É inegavelmente uma arte.
Depois de
muito aprender sobre os princípios e o funcionamento dos sistemas, partimos
para as aulas práticas, não sem antes planejar detalhadamente o desenho de cada
canteiro. Manejamos bananeiras e eucaliptos, cobrimos os canteiros e plantamos
uma porção de coisas: Mandioca, Milho, Cebola, Rabanete, Cenoura, Couve,
Brócolis, Rúcula, Alface, Repolho e Beterraba.
Entre as aulas, deliciosas refeições, muitos cafezinhos e boas conversas. O Sítio ofereceu um ambiente acolhedor e agradável, onde pudemos trocar idéias, experiências e até sementes, na feirinha de troca que fizemos no fim do evento. Também conversamos com os professores sobre ideias para a agrofloresta em ambientes urbanos, frente aos desafios que aqui enfrentamos. Voltamos felizes, cansados, e cheios de vontade de plantar, plantar e plantar!
Por: Marcio C. B. de Oliveira
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